Estava eu escarrapachada no sofá da sala quando me dei conta que afinal ...quando menos nós esperamos lá sai um regionalismo, ou seja, uma alentejanice..afinal quem nasce no Alentejo carrega sempre consigo o testemunho da sua essência mais pura...

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Montes Alentejanos

Ora viva, compadres!

Ao ler o vosso blog recordei-me da minha infância em que os passeios até às Estacas Novas – o "monte" do meu pai –, se faziam acompanhar de histórias e curiosidades sobre os lugares por onde passávamos. Entre elas, uma das minhas preferidas era a enumeração de nomes dos "montes" situados entre Santa Clara-a-Velha e Luzianes.
Aqui fica o meu (pequeno) contributo:

Estacas – monte que foi construído numa zona de plantação de oliveiras, que pegam "por estaca". Outros montes surgiram depois: quando se construiu as Estacas Novas, o primeiro passou a chamar-se Estacas Velhas; há ainda o monte Estaquinhas; Portela das Estaquinhas, Gavião das Estacas. Estes são os montes que pertenciam inicialmente à família do meu avô. Alguns ficaram na família, outros não.

Romeiras – este era o monte da minha avó e deve o seu nome às muitas romanzeiras ("romeiras") que havia naquela zona.

Maceira – no cerro em que foi construído havia uma pia (reservatório de água) para as ovelhas beberem enquanto pastavam. Essa pia chama-se maceira, daí o nome do monte.

Choça – este monte foi construído num cerro onde havia uma choça, que é uma espécie de cabana feita de estevas e mato, cuja finalidade era abrigar os pastores do frio e da chuva, no Inverno e também do calor, no Verão.

Cerro da Bruta – monte baptizado por um esposo, muito ciente das virtudes da sua mulher.

Morte Certa – este monte situava-se num cerro ladeado por dois perigos: de um lado do cerro corria um ribeiro, do outro lado passava o caminho-de-ferro. Portanto, em caso de queda, a morte era certa!

Outros montes “vizinhos” (porque o conceito de distância tem alguma relatividade no Alentejo):

- Gaviões

- Monte Novo dos Castanheiros

- Figueirinhas

- Carriçal

- Vale de Mateus

- Cerro dos Cardos

Nota: escreve-se CERRO e não SERRO! Um cerro é um pequeno outeiro típico da paisagem do sul do Alentejo, onde terminam as planícies e começam as serras algarvias.

Cantares Alentejanos...

PONHAM LÁ MAIS ALCUUUNHAS ...

Bento Chaloca
Cabeçudo
Cara de macaco
Ciganito
Cinta de Seda
Chico Mitra
Chico Sola Grossa
Domingos Careto
Fininho
Fuinha
Galifão
João Bicha
João do Olho
Joaquim da Vagem
Joaquim Calado
Maria Pázinhas
Laró
Lionel da Burra
Manel Canita
Manel das Porcas
Manel Sopinha
Miséria Engravatada
Pardalinho
Pata Fina
Pica Chouriços
Pimentinha
Romão Faíscas

Grupo Coral

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Vá lá compadris adicionem

Bispar: ouvir, escutar, espiar
Biqueiro: pontapé
Endrominar: dar a volta, convencer, enganar
Magana: mulher de vida dissoluta
Mari`macho: mulher com aspecto masculino
Mela: mancha, nódoa
Mésinhas: medicamentos
Mísero: avarento
Monquita: corrimento nasal, ranho
Piela: bebedeira
Soveira: sujidade
Trabuco: espingarda velha
Tojeira: cabelo grande e espetado
Trancanholas: dedos, dedos do porco

OUTRAS LENGA-LENGAS

Fui chamado a um palácio
Só para contar mentiras

Por o mar correm as lebres
Por as serras as lentilhas
Por as telhas as pardelhas
Por os canais os pardais

Fui por um vale a baixo
Encontrei uma pereira
Carregada de maçãs
Umas podres outras sãs

Veio de lá o homem das romãs
- Que lhe importa vocemecê
Estar colhendo uvas em favais alheios?

Abaixou-se para um torrão
Atira-me com um melão
Acerta-me com um pepino num ortelho
E fez-me sangue no joelho.

OS ALFAIATES

Andam 7 alfaiates
Para matar uma aranha
Fortes são os alfaiates
Que nem por isso eles apanham

Vêm 70 alfaiates
Todos postos em campanha
Com tesouras abertas
Para matar uma aranha

700 alfaiates
E tudo farei, farei
Para matar uma arannha
Gritam:aqui D`el Rei!

São 7000 alfaiates
Não se vê em tal façanha
Que tantos valentes juntos
Deixem fugir uma aranha

E...MAIS CONTOS

Um velhote que vivia num monte, deixava o burro sempre preso à porta do monte. Passa lá um amigo dele e disse-lhe:
- Ti, Zé, não deixe o burro aí fora de noite, que andam aí uns lobos, comem-lhe o burro.
O Ti Zé respondeu-lhe:
- O meu burro não tem medo de lobo nenhum.
No outro dia de manhã, quando se levantou, só lá estavam as ferraduras e o Ti Zé diz:
- Ó Maria, não me digas que o nosso burro se descalçou para ir atrás dos lobos!

Outras Expressões

"Aquele rapaz está em cação." Aquele rapaz está despido.
"Pra quê essa sangria solta." Para quê essa rapidez.
"Vai dar a travia aos porcos." Vai dar os restos de comida aos porcos.
"O caso tá bichoso." O caso está difícil de resolver.
"Que cagaço!" Que susto!
"Cuidado com o portado!" Cuidado com o degrau das escadas.
"Tou à rasca!". Estou aflito.
"Quero um estremelinho." Quero um copinho de wisky.
"O leite tá à aventar." O leite está a ferver.
"O texto da panela..." A tampa da panela.
"O fato da cama..." Os lençóis, os cobertores da cama.
"Cuidado que embicas!" Cuidado que cais!
"És rasgalha!" És faladora!
"Tás abananado!" Estás tonto!
"Tou escalfada!" Estou cansada!
"Tou a garrear!" Tou a discutir!
"És grande mariola!" És grande atrevido!
"Arrabanhas-me tudo!" Tiras-me tudo!
"Vales menos que um cigarro fumado!" Não vales nada!
"Vou-me tirando." Vou-me embora, vou sair.

Ai!!!...COMPADRES... brigadinha pela visita!!!

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Obrigado pelo convite

A propósito de património oral:
« Maria, preferes sexo oral ou sexo anal?»
«Ai manel oral! - concerteza qué milhor de hora a hora do que de ano a ano...»

resposta ao almocinho

Bom moçoilas, tá bêim... mas mais chinoca não. temos os olhos em bico! Pizzaria?

Obrigado pelo convite!

A partir de agora já temos um blogue dedicado ao levantamento de expressões tradicionais.

Tem Avondo? Já fez cagulo!

Tivemos que começar tudo de novo... Loiras!

Enfim, se estão esquecidos, pretendemos recuperar o património oral alentejano, nomeadamente os regionalismos. Façam favor de encetar grandes diálogos com a população sénior e comuniquem-nos os vossos achados.

Nós prometemos colaborar convosco também.